quarta-feira, 16 de abril de 2014

TRÊS DISCURSOS, SOMBRAS

De ferro, a Árvore da Vida
 de jade, um Bi chinês
de vidro, um vaso pura forma.
Três sombras na parede branca
- igual delicadeza. Nada denota
a diferença dos materiais.
Nos traços das sombras
equivalem-se
ferro, jade e vidro.
Sombras são de outra ordem.
Os três possíveis discursos
-  numa Árvore da Vida africana,
o lúdico, o ingênuo a  nos distrair
da dura vida, ferro que brinca

-  em tudo a que remete um Bi,
 na mínima diferença de um tom,
vagina ou abertura para outro mundo
caminho da alma, passagens

-  na fala silente do vidro
pura forma, vaso sem função,
a fragilidade de tudo
a brevidade do homem.

Os três discursos emudecem
nas sombras esboçadas.
Nelas, nada há a ser pensado
desenhos que uma máquina captura
antevendo o poema.