TRÊS DISCURSOS, SOMBRAS
De ferro, a Árvore da Vida
de jade, um Bi chinês
de vidro, um vaso pura forma.
Três sombras na parede branca
- igual delicadeza. Nada denota
a diferença dos materiais.
Nos traços das sombras
equivalem-se
ferro, jade e vidro.
Sombras são de outra ordem.
Os três possíveis discursos
- numa Árvore da Vida
africana,
o lúdico, o ingênuo a
nos distrair
da dura vida, ferro que brinca
- em tudo a que
remete um Bi,
na mínima diferença de um tom,
vagina ou abertura para outro mundo
caminho da alma, passagens
vagina ou abertura para outro mundo
caminho da alma, passagens
- na fala silente do
vidro
pura forma, vaso sem função,
pura forma, vaso sem função,
a fragilidade de tudo
a brevidade do homem.
Os três discursos emudecem
nas sombras esboçadas.
Nelas, nada há a ser pensado
desenhos que uma máquina captura
antevendo o poema.
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