Hoje, oito de setembro de dois mil e treze
Vênus e Lua se uniram no céu
A cósmica união foi vista por todos
Nenhum pudor impediu que as grandes
as eternas
se fundissem num só vagar
Nosso mundo, cada ente da interminável cadeia
lentamente parou e todos
- a humanidade inteira em cada rincão
da Terra, onde há paz e onde há guerra -
todos ficaram em silêncio, olhos fixos no alto
por tempo eternamente indeterminado
Tempo sem tempo em que se acasalavam
misteriosa Lua e tresloucada Vênus
Em todas partes do planeta, como num rito acordado
cabeças se elevaram e com mudo temor
assistiram à nua entrega, à tremenda transgressão
Astrônomos e astrólogos pegos de surpresa
não tinham ideia da dimensão do fenômeno
Além, muito além do que se viu no céu
e do que a ciência previra
A breve e definitiva entrada de Vênus
na Lua marcou algo que ainda não se sabe
Estão por aí decidindo o que foi, o que é e será
Novo desenho, recorte num velho mistério
agora marcado pela diferença
para todo sempre marcado
pelo desmaio venusiano
pela invasão sem tamanho
daquele corpo de estrela naquele rosto
redondo,manchado,maculado pelo humano
pelo desmaio
pelo desmaio
da deusa
(o que foi vai muito além do que se viu no céu)
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