quinta-feira, 22 de novembro de 2012

 Na relação com o desejo
   a realidade só aparece como marginal (Lacan)


Olho vejo escuto ouço tudo tanto quanto concreto
posso até sentir o gosto da pele daquele
o cheiro da boca do outro
quase posso tocar a sujeira desses meninos iugoslavos
(meu país, a infância em meu país)

Tudo tanto quanto concreto central
e alucinante
é tudo isso
me fragmento no meio disso
nasci na Albânia
não posso ficar aqui
no manicômio tampouco
procuro ansiosamente a margem
mas a realidade é um centro nu
que especifica o vazio


(do livro Coito com o real)

Um comentário:

  1. Malu, gostei deste coito com o real. Breve, como deve ser, quase inconcluso, recuado.Também acho que pode tornar-se um conto, mas já é uma crônica. Talvez, e talvez eu esteja interferindo demais, ficasse melhor a narradora falar menos de si e mergulhar na cena direto, com as palavras secas e molhadas que estão no texto.

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